O artigo abaixo foi escrito pelo jornalista da Rádio CNB, especializado em transporte, Adamo Bazani e lança um olhar inovador para a função de motorista de ônibus e de todos os demais profissionais do transporte coletivo, como sendo, de acordo com a classificação da OIT - Organização Internacional do Trabalho uma “profissão verde”. Importante essa perspectiva, pois nos estimula a continuar buscando alternativas sustentáveis para nosso planeta, nossa vida, sabendo que as mesmas passam pela coletividade.
Clemilton F. Barbosa Tabosa Psicólogo (CRP-02/11554) Gerente de RH
Motorista de ônibus é considerada profissão ecológica pela OIT. Transportes coletivos, além de combaterem à poluição do ar, geram empregos formais, renda e impostos que financiam o desenvolvimento sustentado, de acordo com Organização Internacional do Trabalho.
Adamo Bazani - CNB
Quando você vir da próxima vez um motorista de ônibus em trabalho, não o encare apenas como um profissional do volante, mas sim como um agente em prol da melhoria do meio ambiente.
É assim que é vista a profissão pela OIT – Organização internacional de Trabalho. Para a OIT toda ocupação que ajuda a reduzir os impactos sobre a natureza pode ser considerada “profissão verde”.
O órgão considera o motorista de ônibus como um desses profissionais pelo fato de o transporte público ser uma das soluções para os problemas de poluição atmosférica pelo excesso de veículos particulares nas ruas que não só reduz a qualidade de vida nas cidades, mas que também ocasiona a morte de pelo menos sete mil pessoas por ano só numa metrópole como São Paulo, de acordo com a USP – Universidade de São Paulo. O alerta é de Paulo Mouçouçah, coordenador do Programa de Trabalho Decente e empregos do escritório do OIT – Organização Internacional do Trabalho no Brasil. A classificação dos empregos verdes vem no sentido da Rio+20, conferência mundial sobre meio ambiente.
Muito mais que desmatamento, poluição ou emissão de gases, os objetivos principais da conferência são discutir formas de criar uma economia sustentável, ou seja, estimular setores que produzem desenvolvimento e que ao mesmo tempo preserva o meio ambiente.
E o setor de transportes públicos é um deles. Além de motoristas de ônibus, todas as profissões ligadas aos transportes públicos são consideradas como as que fazem parte da cadeia produtiva da economia sustentável.
TRANSPORTE COLETIVO É O SETOR COM UMA DAS MAIORES REPRESENTATIVIDADESS EM NÍVEL DE EMPREGO
Dados da OIT de 2010 mostram que no Brasil existem aproximadamente 2,9 milhões de “profissionais verdes”. Destes, apenas 6,6% estão no mercado formal, com registro em carteira e maior recolhimento de impostos. O setor de transportes, em especial o coletivo de passageiros, responde por 857 mil destas vagas, um dos maiores índices de ocupação formal, ou seja, além de ajudar a reduzir as emissões de poluição, o setor de transporte coletivo gera desenvolvimento para o País e as demais áreas por ser um dos que mais contribuem com impostos que financiam diversos setores, como saúde educação, segundo a Organização Internacional do Trabalho (Grifos nossos).
No caso da saúde, há ganhos acumulados. As empresas de transportes coletivos auxiliam no combate a poluição ao tirar veículos das ruas, o que diminui os gastos com a saúde. Além disso, é um dos que mais contribuem com impostos para os gastos em saúde que ainda existem e que muitas vezes são geradas pela poluição ocasionada pelo uso desenfreado do carro particular. Depois dos transportes coletivos, há outros setores importantes em números na geração de emprego e renda , com respeito ao meio ambiente, de acordo com o relatório da OIT no Brasil.
- Transportes coletivos e alternativos aos individuais: 887 mil postos de trabalho.
- Geração e distribuição de energia renovável: 580 mil vagas.
- Manutenção e recuperação de materiais : 498 mil vagas.
- Telecomunicações e teleatendimento (que reduz os deslocamentos nas cidades): 485 mil vagas.
- Saneamento e gestão de resíduos : 335 mil empregos.
- Produção e manejo ambiental: 194 mil postos.
A economia verde não só vai ajudar no combate aos impactos negativos ao meio ambiente, mas na luta pela erradicação da miséria. Para todo mundo, relatório da OIT feito em parceria com o Programa das Nações Unidas para o meio ambiente (Pnuma), Organização Internacional de Empregadores (OIE) e a Confederação Sindical Internacional (CSI), aponta que essa transição para uma economia mais verde pode gerar entre 15 e 60 milhões de novos empregos nos próximos vinte anos, tirando de fato pessoas da miséria, sem assistencialismo.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes. |